Quando se fala em Bahia, é comum pensar em praias, música e culinária. Mas a Bahia também é reconhecida como o berço das religiões de matriz africana no Brasil, como o Candomblé e a Umbanda. Essas tradições chegaram com os povos africanos escravizados e, mesmo diante da dor e da opressão, sobreviveram como forma de resistência cultural, espiritual e social.
Hoje, os terreiros da Bahia são espaços de preservação da memória e da identidade afro-brasileira. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), existem milhares de casas de culto espalhadas pelo estado, especialmente em Salvador, considerada a “capital da fé afro-brasileira”.
O que torna essa vivência peculiar é a forma como a religião se entrelaça com o cotidiano. No dia 2 de fevereiro, por exemplo, a festa de Iemanjá no bairro do Rio Vermelho reúne milhares de pessoas, entre devotos e curiosos, para homenagear a Rainha do Mar. Já no Pelourinho, a presença das baianas de branco vendendo acarajé é muito mais do que culinária: é a manutenção de uma tradição ligada ao Candomblé.
Outro aspecto marcante é o sincretismo religioso. Na Bahia, não é incomum encontrar pessoas que frequentam missas católicas e, ao mesmo tempo, participam de rituais nos terreiros. Essa convivência entre crenças reflete a pluralidade cultural do estado e ajuda a explicar por que a Bahia é vista como um território de diversidade espiritual.
Apesar da riqueza cultural, o preconceito ainda é um desafio. Religiões de matriz africana sofrem intolerância em várias regiões do Brasil, e a Bahia não está fora dessa realidade. Movimentos sociais e instituições religiosas têm atuado para fortalecer o respeito e a valorização dessas práticas.
Visitar a Bahia é, portanto, uma oportunidade de conhecer mais do que paisagens turísticas. É mergulhar em uma experiência cultural onde a fé é sentida no som dos atabaques, no cheiro das flores oferecidas ao mar e no sabor da comida de rua preparada com dendê.
Mais do que religião, o Candomblé e a Umbanda são expressões de identidade e resistência de um povo. E compreender isso é fundamental para respeitar a história e a diversidade do Brasil.
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